Um ótimo passatempo pra quem não tem o q fazer... um pouco de humor negro e doses de palavras mal escritas... o que eu posso fazer? Eu não desisto de escrever!
Esse blog está mais parado que água com dengue. Eh estranho escrever num blog que só é lido por uma pessoa (obrigada Michel!! xD Te amo!)... mas eu sei que o significado dele é muito maior do que pode parecer... é o local onde eu escrevo para outros lerem... isso é muito especial! E apesar da finalidade não ser alcançada com tanto êxito, como eu disse antes em outras postagens, o que importa é o caminho. Hoje eu quero falar sobre algo que tem me indignado muito. Quem já leu "O morro dos ventos uivantes" de Emily Brontë? Foi lançado em 1847! É considerado um clássico da literatura inglesa e já teve várias adaptações para o cinema. Em resumo, é um GRANDE livro. Tem toda uma carga sentimental, gótica, psicológica... é a história de um homem que vai a extremos por ambição, amor perdido... é um livro que vale a pena ser lido. É um dos meus livros preferidos... aí um belo dia eu estava numa livraria e vejo uma nova impressão desse grande livro (único que Emily Brontë publicou) e fico boquiaberta ao ver que a capa tem a mesma diagramação da (maldita) série Crepúsculo. Ou pior, que como chamativo há uma nota em vermelho na frente do livro que diz: "livro preferido de Bella da série Crepúsculo", ah, vai se fuder! Resumir um livro tão bom e tão especial como o preferido da Bella! Pelo amor de Deus! Odeio essa maneira caça níqueis de algumas editoras. Um clássico da literatura inglesa, lançado em 1847 (quando a retardada da Stephanie Meyer nem sonhava em existir)resumido como o livro preferido de um personagem de livro. Meu Deus! Esse mundo está muito podre mesmo! Quem teve essa idéia é com certeza uma pessoa sem sensibilidade, que visa apenas o lucro, e usa a filosofia do Maquiavel... "os fins justificam os meios", não justificam e nunca justificarão. Leiam "O morro dos ventos uivantes" por ser um belo livro, por ser um clássico da literatura inglesa do século XIX, mas não por ser o livro preferido de um personagem de Stephanie Meyer... isso é injusto com a Emily Brontë e com esse grande livro... que "Crepúsculo" não chega aos pés...
Vocês já pararam para prestar atenção no mar? O mar viaja milhares de quilômetros apenas para encostar na areia e voltar... será que vale a pena? Caminhar tanto para apenas uns segundos de recompensa? Qual é a verdade disso tudo? Será que o que realmente importa é a recompensa? Basta parar para organizar as idéias e fica fácil de ver que o que realmente importa não é o resultado final... o que importa é todo o caminho que foi percorrido. O que faz a gente crescer, mudar conceitos, nos apaixonar... é o caminho! É toda a trajetória percorrida que faz sentido. Nós, seres humanos, somos definidos socialmente pelas recompensas que conseguimos... mas aquilo que realmente nos define como pessoas (no sentido mais amplo da palavra pessoa)é o caminho que nós percorremos... são as inúmeras tentativas frustradas, são as quedas, as decepções... é tudo isso que nos faz MAIS ou MENOS dignos de admiração... porque existem as pessoas lindas e as pessoas admiráveis... quem você quer ser? A trajetória que percorremos todo o dia em busca de algo maior é o que faz sentido. Desvencilhando-nos dessa conotação simplista de ser humano que a sociedade nos impõe ("estude para ser alguém na vida"... "ele não tem onde cair morto, é um zé ninguém..."), podemos ver que o que faz sentido é quem você tem na vida, e não o que você tem. Seguir o caminho da verdade e da justiça (mesmo que não dê frutos materiais) é sempre mais honrado que seguir caminhos paralelos que tenham uma recompensa material extraordinariamente tentadora ao final... é o caminho que importa, não o que há no final. Maquiavel era um louco se achava realmente que "os fins justificam os meios"... nunca justificaram e nunca justificarão... cometer atos vergonhosos não pode ser justificado por algum motivo bom... na minha opinião, não existe um bom motivo verdadeiro para isso. Somente boas sementes podem dar bons frutos. Resumindo, o caminho que você percorreu durante toda a sua vida é o que te define e não o que você conseguiu ao chegar ao final. O mar percorre milhares de quilômetros para beijar a areia porque vale a pena. O que torna isso mágico não é o toque na areia, mas todo o caminho percorrido... o que torna o momento especial é justamente tudo que o mar passou para ganhar aqueles segundos incríveis. Percorrer o caminho certo faz todo o sentido. Sempre faz. Vale a pena fazer as coisas certas, mesmo que requeiram sacrifícios... pois na arte de se tornar uma pessoa admirável não existem atalhos... pegar atalhos é perder a causa, já que a causa só se torna especial devido ao caminho...
(os cavaleiros de bronze que o digam... salvar Athena só se torna especial por causa de todos os problemas... se fosse fácil não seria tão honrado.)
Hoje estou me sentindo estranha... levantei e nem forrei a cama... me sinto como Macabéa... ou melhor, como ClariceLispector. São muitos pensamentos que eu não consigo organizar...todo mundo tem dias assim, não?Clarice tinha boas frases, boas respostas. Uma vez perguntaram a ela por que ela escrevia... ela respondeu: para não enlouquecer... e é exatamente assim que me sinto... escrever é a única coisa que me faz colocar os pensamentos em ordem... falando assim eu me sinto tão louca! Hoje é o meu dia "a la Clarice"... vê isso:
“Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.
Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.”
Juro que parece comigo... kkkkkkkkkk...
Clarice Lispector é uma escritora brasileira nascida na Ucrânia. Ela seguia a linha introspectiva e olhando-a de longe não parecia normal... "Suas obras caracterizam-se pela exacerbação do momento interior e intensa ruptura com o enredo factual, a ponto de a própria subjetividade entrar em crise." (Wikipédia)
Vale a pena descobrir Clarice Lispector... eu recomendo "A hora da estrela". É talvez o romance mais famoso dela. Narra a história de Macabéa, alagoana que vai para o Rio de Janeiro... acaba morando numa pensão e sua rotina é contada por Rodrigo S.M. - um narrador fictício. Parece pecado resumir um livro tão complexo em tão poucas linhas... esse livro é carregado de emoções... e Macabéa, a protagonista, é um nada. Isso mesmo, um NADA. Muitos podem pensar... "ah, ela é como um anti herói"... não. Ela é um nada mesmo. Uma garota tímida, romântica, preguiçosa, sem hábitos de higiene, burra (ou inocente?), feia, muito feia... nem seu namorado a enxergava... o desfecho da história é algo surpreendente. Uma das colegas de quarto dela acaba seduzindo seu namorado (um idiota)... Macabéa vai a uma cartomante e ela diz para a protagonista que ela vai encontrar um homem lindo, estrangeiro... Macabéa encontra esse homem. Na verdade, ela é atropelada por ele. Eis que surge a HORA DA ESTRELA, onde pela primeira vez as pessoas enxergam Macabéa... ela estendida morta... no chão. O leitor fica perplexo ao fechar o livro... deve-se sentir raiva ou pena de Macabéa? Porque ela era tão inerte? Tão parada? Mas, ao mesmo tempo, sente-se pena dela... "tadinha, morreu e nem conseguiu o que queria"... Macabéa nunca soube quem era ou o que queria de verdade... isso dá pena.
Enfim... esse blog está meio devagar, não? Faço minhas as palavras de Clarice: "Não tenho tempo para mais nada. Ser feliz me consome muito."
Ainda jovem, à época esposa de diplomata brasileiro, serviu como voluntária na campanha da Itália durante a II Guerra Mundial, no corpo de enfermagem da Força Expedicionária Brasileira.
“Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.”
“Ter nascido me estragou a saúde”
"Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso."
“Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia”
“Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada.”
“Vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir.”
“Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.”
‘A palavra é o meu domínio sobre o mundo.”
“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.”
“É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.”
“Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.”
Bastante introspectiva, não? Enfim... vale a pena conhecê-la!
Por enquanto é só, pessoal! Espero que tenham gostado!